quinta-feira, 12 de junho de 2025

O Último Imperador

Superprodução que conta a vida do último imperador da China, Aisin-Gioro Puyi (John Lone). Como se sabe após séculos de uma dinastia forte e centralizadora a revolução socialista explodiu naquele país sendo a partir daí implantado um regime comunista linha dura que persiste até os dias atuais. Nesse processo o antigo regime veio abaixo. O imperador foi deposto e levado a ser doutrinado pela nova ideologia de poder. Embora discuta o tema político pois seria impossível realizar um filme com esse tema sem tocar nesse tipo de questão, O Último Imperador procura se focar mais na questão humana, no lado mais pessoal do monarca que se vê destituído de todos os seus poderes da noite para o dia terminando seus dias de vida como um simples jardineiro.  Para quem era dono de um império continental é uma mudança brutal. Curioso é que nessa mudança de status um aspecto chama a atenção. Provavelmente se fosse um ocidental esse monarca decaído provavelmente faria alguma besteira com sua própria vida mas o modo de viver e pensar dos orientais é bem diferente do nosso, ele acabou aceitando a mudança. De certa forma até agradecido ao novo regime pois tinha caído em mãos de outro regime extremamente brutal, o soviético, que não pensou duas vezes em liquidar sua própria monarquia deposta, os Romanovs.

Deixando essa nuance mais filosófica de lado é importante chamar a atenção do espectador para a luxuosa produção de “O Último Imperador”. O filme foi o primeiro a ter autorização de realizar filmagens na chamada cidade proibida. Essa era uma enorme área no centro da capital chinesa ao qual era permanentemente proibida a entrada do povo chinês. Vivendo lá dentro com todo o luxo e riqueza que se podia imaginar, ficavam os nobres do país, completamente isolados da plebe. O local, hoje tornado atração turística, realmente dá uma dimensão da pompa e riqueza sem fim da dinastia chinesa. Tudo é ricamente trabalhado, detalhado, com uma arquitetura maravilhosa que chama muito a atenção por sua beleza e harmonia. Não é à toa que o filme tenha vencido tantos Oscars. Realmente é uma produção classe A, com o melhor que pode ter em termos de cinema espetáculo. O elenco de apoio também é excepcional, com destaque para o veterano Peter O´Toole, que a despeito dos anos ainda mantém todo seu talento intacto. O filme venceu todos os prêmios importantes em seu ano de lançamento, Globo de Ouro, Bafta, César e levou para o estúdio os Oscars de melhor filme, diretor (para o mestre Bertolucci), fotografia (Vittorio Storaro), direção de arte, figurino, edição,  trilha sonora (que também levou o Grammy), melhor som e roteiro adaptado. Em suma, não deixa de conhecer esse maravilhoso momento do cinema da década de 80. Um filme com ares dos grandes épicos do passado.

 

O Último Imperador (The Last Emperor, Reino Unido, França, China, Estados Unidos, Itália, 1987) Direção: Bernardo Bertolucci / Roteiro:  Mark Peploe, Bernardo Bertolucci / Elenco: John Lone, Joan Chen, Peter O'Toole, Ryuichi Sakamoto / Sinopse: Cinebiografia do último imperador da China, Aisin-Gioro Puyi (John Lone). Deposto por um novo regime ele passa seus últimos dias como um humilde trabalhador braçal em seu antigo império sob ruínas.

Pablo Aluísio. 

3 comentários:

  1. Esse é um dos poucos filmes vencedores do Oscar de melhor filme que nao assisti
    Nunca me pegou.

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  2. Esse filme assisti na época, bem na crista da onda. Um filme de belas imagens. Pela primeira vez deixaram uma equipe ocidental de cinema filmar na Cidade Proibida. Foi algo muito comentado naquele ano.

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