quinta-feira, 8 de maio de 2025

Caminhos Perigosos

Título no Brasil: Caminhos Perigosos
Título Original:  Mean Streets
Ano de Lançamento: 1973
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Martin Scorsese
Roteiro: Martin Scorsese, Mardik Martin
Elenco: Robert De Niro, Harvey Keitel, David Proval

Sinopse:
Criminosos de baixa hierarquia do mundo da máfia precisam acertar suas contas, envolvendo dívidas, promessas não cumpridas e certas coisas que tinham ficado pelo meio do caminho, mas que precisavam ser acertadas, mesmo que sob a mira de uma arma de fogo. A lei das ruas bem se assemelha à lei da selva. Filme premiado pelo New York Film Critics Circle Awards. 

Comentários:
Esse filme abriu as portas do cinema americano para um jovem ator chamado Robert De Niro. Ele já conhecia o diretor Martin Scorsese do meio teatral e do cenário artístico de Nova York, então foi mesmo uma chance de ouro dada de um amigo pessoal para o outro. E Robert De Niro não decepcionou. Apelidado por Scorsese de "Bobby Milk" (por ele ser muito branco), De Niro já demonstrava nesse seu primeiro trabalho de relevância que o ator já estava pronto desde os primeiros passos. Ele foi um daqueles casos de talento que já nasceu pronto para a sétima arte. E de resto o filme é realmente muito bom, bem escrito e dirigido. Assim como De Niro, Scorsese já era mestre desde os seus primeiros filmes. Para quem gosta desse tipo de filme, não tem outra maneira de dizer, é um título mesmo obrigatório. 

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 1 de maio de 2025

Serpico

Frank Serpico (Al Pacino) é um jovem policial que é transferido para uma corporação da polícia de Nova Iorque onde impera a corrupção e a fraude. Tendo sempre uma postura ética sua forma de atuar e agir logo entra em confronto com seus colegas policiais. Disposto a revelar a situação em seu trabalho, Serpico começa a ser hostilizado e ameaçado pelos tiras corruptos de sua unidade. "Serpico" faz parte de uma série de filmes americanos que na década de 70 tocaram em temas polêmicos e controversos. O foco aqui é na corrupção policial que imperava em Nova Iorque na época. Pequenos e grandes golpes eram comuns entre a força policial. A onda de crimes ia desde extorsão até mesmo assassinatos encomendados. Tentando ser um policial honesto, Serpico foi diretamente ameaçado pela banda podre do regimento do qual fazia parte. 

O filme é baseado em fatos reais. Até hoje o verdadeiro Frank Serpico vive no serviço de proteção às testemunhas, isso porque ele ajudou efetivamente a condenar vários policiais corruptos de Nova Iorque. Nem é preciso dizer que isso automaticamente o transformou em um alvo ambulante, colecionando inúmeras ameaças de morte ao longo de sua vida. "Serpico" consagrou o talento de Al Pacino. De fato essa foi uma das fases mais brilhantes de sua carreira. Ele acabara de fazer "O Poderoso Chefão" onde sua atuação foi unanimemente elogiada e estava prestes a filmar sua continuação, também igualmente maravilhosa. Além disso nos anos seguintes novas atuações magníficas surgiriam em sequência: "Um Dia de Cão", "Justiça Para Todos" e "Parceiros da Noite". 

Uma sucessão de grandes filmes e inspiradas atuações. Para dirigir um tema tão instigante e desafiador a Paramount escalou o cineasta Sidney Lumet (falecido em 2011). O diretor procurou por uma linha narrativa quase jornalística, justamente para lembrar constantemente ao espectador de que se tratava de um filme fundado numa história verídica acontecida há pouco tempo. Aliás a questão envolvendo "Serpico" ainda estava na ordem do dia quando as filmagens começaram e muitos membros da equipe temiam até mesmo sofrer algum tipo de represália pelo tema do filme. No final tudo correu bem. Al Pacino foi premiado com o Globo de Ouro por sua atuação e a produção foi indicada a várias categorias da Academia, entre elas, melhor ator e melhor roteiro adaptado. Um merecido reconhecimento a um simples policial de Nova Iorque que só queria ser honesto e correto. 

Serpico (Serpico, Estados Unidos, 1973) Direção: Sidney Lumet / Roteiro: Waldo Salt, Norman Wexler baseados no livro "Serpico" de Peter Maas / Elenco: Al Pacino, John Randolph, Jack Kahoe / Sinopse: Frank Serpico (Al Pacino) é um jovem policial que é transferido para uma corporação da polícia de Nova Iorque onde impera a corrupção e a fraude. Tendo sempre uma postura ética sua forma de atuar e agir logo entra em confronto com a banda podre da polícia de Nova Iorque.  

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 30 de abril de 2025

Competição de Destinos

Essa dica de filme vai para quem é fã do ator (e cantor country nas horas vagas) Kevin Costner. Esse filme, do comecinho de sua carreira, foi bem pouco conhecido, mesmo nos anos 80. Não chegou a ser lançado nos cinemas brasileiros, mas ganhou certa notoriedade no mercado de vídeos VHS, justamente por causa da sequência de sucessos cinematográficos que Costner desfrutou naquela década. De repente ele se tornara um astro em Hollywood e qualquer filme que contasse com seu nome no elenco despertava a atenção e o interesse dos cinéfilos (inclusive dos "ratos de locadoras").

O filme conta a história de dois irmãos que vão participar de uma competição de corrida de bicicletas nas montanhas rochosas. O encontro deles ganha uma importância toda especial porque um dos irmãos descobriu que está com aneurisma cerebral, então tudo passa a ter um sentimento especial envolvido. É um bom filme, mas para falar a verdade não há nada de muito relevante em termos cinematográficos. Curiosamente essa produção iria marcar uma amizade no mundo real entre o ator kevin Costner e o diretor John Badham. Eles até planejaram na época a realização de uma série de filmes policias para o cinema que infelizmente nunca saíram do papel.

Competição de Destinos (American Flyers, Estados Unidos, 1985) Direção: John Badham / Roteiro: Steve Tesich / Elenco: Kevin Costner, David Marshall Grant, Rae Dawn Chong / Sinopse: Dois irmãos partem para uma competição de bicicletas nas montanhas. Esse encontro ganha contornos especiais pois pode ser a última competição deles, pois um dos irmãos está com sinais de aneurisma cerebral.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 24 de abril de 2025

Os Viciados

Título no Brasil: Os Viciados
Título Original: The Panic in Needle Park
Ano de Lançamento: 1971
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Jerry Schatzberg
Roteiro: James Mills, Joan Didion
Elenco: Al Pacino, Kitty Winn, Raul Julia, Alan Vint, Richard Bright, Kiel Martin, Michael McClanathan

Sinopse:
Nesse filme o ator Al Pacino interpreta um viciado em heroína que vive em Needle Park, conhecida região de Nova Iorque onde os junkies da época se encontravam. Lá ele conhece uma jovem mulher, também com problemas de vício. Juntos eles vão tentar sobreviver nas ruas da grande cidade, ora dando pequenos golpes, ora partindo para roubos, tudo com o objetivo de conseguir o dinheiro da próxima dose de heroína. 

Comentários:
Esse filme chocou o público na época de seu lançamento. Assistindo depois de tantas décadas posso entender a razão de toda essa reação e polêmica. É um filme forte, com cenas que até hoje causam desconforto. O filme não poupa ninguém, muito menos o espectador. O vício é mostrado em todos os detalhes. A agulha com heroína é mostrada em close up entrando nas veias dos drogados. Não é fácil, mostrando toda a sordidez desse grave problema social e de saúde pública. O diretor inclusive usou viciados reais nessas tomadas de cena, algo que escondeu do estúdio e que só foi descoberto depois, quando o filme chegou nos cinemas. O casal protagonista da história está perdido na vida. O personagem de Pacino tem um irmão, ladrão profissional. Ele o coloca em planos de roubos que nem sempre dão muito certos. A namorada dele é dada a prostituição. Enquanto o personagem de Pacino está cumprindo pena, ela para sobreviver acaba se prostituindo pelas ruas. Enfim, bom filme, mas bem barra pesada. Um filme desses lançado no começo dos anos 70 representava bem a chegada do realismo mais forte no cinema norte-americano. Os tempos de inocência tinham ficado definitivamente no passado. 

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 17 de abril de 2025

A Jovem Rainha Vitória

Vitória foi uma das monarcas mais importantes da história inglesa. Seu reinado foi um dos mais longos que se tem notícia, indo de 1837 a 1901 e marcou o apogeu do império britânico. O século em que reinou ficou conhecido como "A Era Vitoriana". Tanta importância e esplendor já rendeu muitos filmes, livros e documentários mas agora com esse "A Jovem Rainha Vitória" tentou-se fazer algo diferente. Ao invés de retratar a rainha no auge de sua glória os produtores optaram por mostrar seus primeiros anos, ainda jovem e mocinha, envolvida com amores próprios da idade. Tudo embalado em uma produção digna de uma rainha - lindos cenários, muito luxo e figurinos deslumbrantes. O maior problema do filme parece ser justamente o fato de se focar em um dos períodos menos interessantes da nobre pois não há, para falar a verdade, algo realmente marcante na trama do filme. A Vitória que surge em cena está mais preocupada em arranjar um namorado e ir em bailes de gala do que qualquer outra coisa. Nenhuma intriga palaciana surge em cena e o roteiro passa longe de explorar o clima político de sua época. Além disso Vitória é uma garota do século XIX que parece ter idéias avançadas demais para o contexto histórico em que viveu. 

Os roteiristas ignoraram o fato dela ter sido uma das monarcas mais conservadoras da Inglaterra, o que certamente não se ajusta muito bem com a Vitória "moderninha" que surge em cena. O ponto positivo de "A Jovem Rainha Vitória" é certamente o seu elenco. A britânica Emily Blunt se sai bem. Sua interpretação está no tom correto, embora a corte inglesa fosse mais solene e formal da que vemos no filme. Paul Bettany também está bem, inspirado e marcando boa presença. Seu Lord Melbourne é certamente uma das melhores coisas de "The Young Victoria". Curiosamente para um filme tão britânico escalaram um estrangeiro para a direção, o canadense Jean-Marc Vallée. A escolha desagradou alguns jornalistas ingleses e eles tem certa razão em reclamar, uma vez que provavelmente um cineasta do país poderia ter um olhar mais familiar e próximo com a sua realeza britânica. De qualquer forma o produto final não é ruim. Tem sua dose de erros históricos como explicados aqui, mas como entretenimento até pode funcionar. Não é historicamente correto e macula de certa forma a história real dos fatos. Para os que gostam de produções de luxo, com muito romance e cenas de enamorados adolescentes pode até se tornar uma boa opção. Já para os que querem saber mais sobre a Rainha Vitória recomendamos mesmo uma boa visita à biblioteca mais próxima. Será mais instrutivo e esclarecedor certamente. 

A Jovem Rainha Vitória (The Young Victoria, Inglaterra, Alemanha, 2009) Direção: Jean-Marc Vallée / Roteiro: Julian Fellowes / Elenco: Emily Blunt, Rupert Friend, Paul Bettany, Miranda Richardson, Jim Broadbent / Sinopse: O filme narra a adolescência e juventude de Alexandrina Victoria que se tornaria a famosa monarca inglesa Rainha Vitória. Governando durante praticamente todo um século ela reinou em uma época de ouro para o império britânico em seu auge de esplendor e glória.  

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 10 de abril de 2025

Richard Chamberlain

Richard Chamberlain
No último dia 29 de março morreu o ator Richard Chamberlain. Ele teve uma longa carreira no cinema e na TV americana. Eu me recordo muito do ator fazendo muito sucesso com a série "Shogun" que foi exibida na Rede Globo nos anos 80, alcançando grande sucesso de audiência. Outra série que também fez bastante sucesso, inclusive no Brasil, foi "Pássaros Feridos", sendo que essa, se me recordo bem, foi exibida pela Bandeirantes. 

Em termos de cinema minha primeira lembrança de Richard Chamberlain vem dos filmes que ele rodou na Cannon. O primeiro foi "As Minas do Rei Salomão" e sua continuação "Allan Quatermain e a Cidade do Ouro Perdido". Não eram grandes filmes, mas aventuras que tentavam copiar o estilo dos filmes de Indiana Jones. 

De qualquer forma tiveram lá seu sucesso. E de quebra traziam uma linda Sharon Stone, bem jovem, no auge de sua beleza! Tive a oportunidade de assistir a ambos os filmes no cinema, nos anos 80, em seu lançamento original. 

Na vida pessoal era muito discreto e por uma razão fácil de entender. Richard era gay e procurava esconder sua opção sexual, com medo de ver sua carreira de galã ir por água abaixo. Por isso viveu anos, décadas, no armário, sem jamais revelar esse seu segredo. Chegou inclusive a escalar seu namorado na época nos filmes de aventuras da Cannon, mesmo que o roteiro original não tivesse espaço para ele na produção. 

Pablo Aluísio. 

quinta-feira, 3 de abril de 2025

Vestígios Do Dia

Terminei de rever "Vestígios Do Dia". Fazia tempo que tinha visto pela última vez então foi um prazer renovado. Nem é preciso dizer que mesmo após todos esses anos o filme não perdeu nem uma cota de seu charme, de sua delicadeza e de sua elegância. Na minha opinião ainda continua sendo uma grande obra prima do cinema. Muita gente não consegue até hoje captar a essência desse roteiro, o que é uma pena, pois a mensagem é tão sutil e delicada que passa despercebida a muitos. Não chegam a entender que "Vestígios do Dia" tem um dos enredos mais românticos já filmados. O mais interessante de tudo é que o filme consegue fazer isso sem nenhum tipo de afeto físico entre os protagonistas. Tudo é apenas sugerido, insinuado. Não há um beijo sequer entre eles, por exemplo. Isso porém acaba não tendo importância pois a emoção e o sentimento são tão presentes que esse tipo de coisa acaba sendo um mero detalhe.

A atração entre o mordomo (Hopkins) e sua governanta (Emma Thompson) é latente mas não assumida abertamente por causa das convenções sociais a que ambos estão submetidos. Além disso Hopkins brilha como uma pessoa que simplesmente não consegue expressar suas emoções. Criado para ser um mordomo a vida inteira e possuir uma educação exemplar ele acaba perdendo a capacidade de se revelar a quem quer que seja, mesmo para a mulher que sente atração e nutre sentimentos românticos. Assim é erguido um muro invisível que não deixa que ambos se declarem um ao outro. Tudo isso é de uma sutileza fenomenal. Apenas um cineasta com a sensibilidade de James Ivory conseguiria transportar isso para a tela no tom certo.

Desnecessário dizer que o resultado é excelente. O roteiro é um primor, a direção e a reconstituição de época são soberbas mas o melhor vem da interpretação dos atores. Esse filme traz a melhor atuação da carreira de Anthony Hopkins, embora isso possa causar surpresa em muitos é a mais pura verdade. Ele faz um mordomo de um Lord inglês que se apaixona por uma empregada da mansão, feita pela Emma Thompson. É um filme de momentos sutis. Existe uma cena maravilhosa em que Hopkins tenta se declarar à sua paixão mas por questões sociais, timidez, nervosismo e até mesmo preconceito se reprime. Poucas vezes vi um momento tão divinamente interpretado no cinema como esse. É genial. Vestígios do Dia é um primor, um filme feito para pessoas sofisticadas e de muito bom gosto. Como não poderia deixar de ser é uma produção britânica do mais alto nível. O diretor Ivory é um dos meus preferidos de todos os tempos. E é por essa e outras razões que considero "Vestígios Do Dia" uma perfeição da sétima arte. Poucas vezes algo assim tão sutil encontrou um veículo tão competente nas telas. Um primor!

Vestigios do Dia (The Remains of the Day, Estados Unidos, Inglaterra, 1993) Direção: James Ivory / Elenco: Christopher Reeve, Anthony Hopkins, Emma Thompson, Caroline Hunt / Sinopse: 1958. James Stevens (Anthony Hopkins), um homem de idade, em um grande carro antigo começa uma viagem pela Inglaterra em direção ao mar. Por muitos anos ele foi o mordomo-chefe de Darlington Hall, uma famosa casa de campo. Neste época sacrificou sua vida pessoal por vários anos para ter um alto desempenho profissional, mesmo reprimindo seus sentimentos e passasse uma frieza que na verdade não era parte da sua personalidade. Ele está indo visitar Sally Kenton (Emma Thompson), que ele não vê há muito tempo e tinha sido governanta em Darlington. Ele pensa que talvez ela possa ser persuadida a retomar a sua antiga posição, trabalhando para o novo proprietário de Darlington, um congressista americano aposentado.

Pablo Aluísio.